segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Cotidiano.

De acordo com o Estatudo da Criança e do Adolescente (ECA) é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Mas, para algumas crianças sua realidade não chegou nem perto destas condições. 


Eles nasceram em famílias desestruturadas e encontram dificuldades para fazer parte de um círculo familiar que lhes proporcionasse amor, respeito e dignidade. Mesmo disponíveis para a adoção, são meninos e meninas que sofrem preconceitos racial e etário. Alguns deles por terem irmãos nas mesmas condições, não conseguem ser adotados, já que de acordo com a justiça, os irmãos não podem ser separados.

Este é o caso do pequeno João (nome fictício) de uma criança de 9 anos de idade e que mesmo tão nova já viveu uma vida bastante conturbada dentro de casa. O menino está instalado na Casa da Esperança I, depois de ter passado por outra entidade de acolhimento de Campina Grande, ainda aos 7 anos de idade. A história de João não é muito diferente das outras vividas por crianças em sua mesma situação, mas a principal diferença é que ele e seus dois irmãos, acolhidos em outras entidades, mesmo disponíveis para adoção não conseguem ser adotados porque não podem ser separados.

De acordo com a assistente social Francis Alves Cruz, do setor de Adoção da Vara da Infância e Juventude de Campina Grande, os casais que desejam ser pais de um filho não biológico preferem adotar uma única criança. "Um dos receios dos casais neste caso é a questão financeira. Muitos não têm condições de sustentar mais de uma criança, oferecendo toda a estrutura que ela precisa", informou.

A assistente explicou que o preconceito racial e etário também são grandes obstáculos para a adoção. De acordo com ela, em Campina Grande existe uma fila de espera de 30 casais que desejam adotar uma criança, mas nenhum destes homens e mulheres se disponibiliza a aceitar mais de um filho. Ainda de acordo com a assistente, apenas 20% deste número, ou seis casais, estão dispostos a adotar uma criança com mais de um ano de idade e que tenham qualquer cor de pele. "Quando um casal está disposto a adotar uma criança, ele responde um cadastro de acordo com um perfil específico e a maioria só aceita crianças com menos de 1 anos de idade e que tenham pele clara. As vezes a intenção dos futuros pais é simplesmente é a de adotar uma criança que se pareça ao máximo com eles, mas em outros casos existe o preconceito e o medo de como aquela criança vai ser aceita em seu círculo social", afirmou.

No caso do menino João, além de não conseguir ser adotado porque não pode ser separado dos seus irmãos, ele ainda tem que enfrentar as barreiras raciais e etárias. Mesmo estando disponível para a adoção, joão e seus irmãos não foram aceitos pelos casais que estão na fila de espera, e agora só resta uma esperança para que estas crianças consigam uma verdadeira família, o cadastro nacional. "Nós pesquisamos o perfil e também indagamos estes casais sobre a possibilidade de adoções como esta, não sendo possível, as crianças são registradas no cadastro nacional e a partir de então famílias de qualquer parte do Brasil podem acionar o cadastro para adotarem estas crianças", informou.



http://www.diariodaborborema.com.br/2010/08/29/cotidiano1_0.php )

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